Em Nova York, Lula defende Justiça Social e Ambiental em discurso na ONU

O Brasil costuma ser o primeiro país a discursar na Assembleia Geral, realizada na sede da ONU. Lula iniciou sua fala saudando a representação da Autoridade Palestina, que estava presente como membro observador

Em discurso na 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a destacar temas centrais de sua agenda política, focando na urgência do combate à pobreza, na crise climática e na reforma das instituições internacionais. Lula, em seu terceiro mandato, reforçou seu compromisso com a justiça social e ambiental, apelando para um maior equilíbrio nas relações internacionais e pela responsabilização das grandes economias em questões globais. Lula subiu ao palco em um momento de intensificação dos debates sobre a governança global, com questões como a guerra na Ucrânia, as consequências das mudanças climáticas e o aumento das desigualdades impactando o cenário internacional. Seu discurso foi bem recebido por líderes de nações em desenvolvimento, que veem nele um porta-voz das demandas do Sul Global.

“Desigualdade é uma Ameaça à Paz Global”

Durante sua fala, Lula foi enfático ao associar o aumento da desigualdade à instabilidade global. Ele argumentou que, sem justiça social, será impossível garantir a paz entre as nações. “A pobreza, a fome e a exclusão social não são problemas de uma nação ou de um continente, mas da humanidade. O mundo não pode ser verdadeiramente seguro enquanto bilhões de pessoas vivem à margem, sem acesso a recursos básicos.” Concluiu o petista.
O presidente brasileiro aproveitou para reiterar que seu governo trabalha para erradicar a pobreza no Brasil e que essa luta deve ser refletida globalmente. Lula defendeu políticas redistributivas e mais investimentos em educação e saúde pública como instrumentos fundamentais para superar as desigualdades históricas.

A tensão humanitária em Gaza


Dentro do seu discurso, o presidente condenou o aumento dos conflitos globais e declarou que a situação dos palestinos em Gaza e na Cisjordânia representa uma das “mais graves crises humanitárias da história recente”. O presidente começou seu discurso saudando a participação da Autoridade Palestina, que participa pela primeira vez da sessão inaugural do organismo internacional, atuando como observadora. Ele recebeu aplausos.
Depois, discutiu o aumento dos conflitos e instou as outras nações a investirem em armamento. “Estamos passando por um período de aumento das angústias, frustrações, tensões e temores”, afirmou Lula.
“Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima. O que se vê é o aumento das capacidades bélicas. O uso da força sem amparo no Direito Internacional está se tornando a regra. Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencial de se tornarem um confronto generalizado”. Finalizou o presidente do Brasil.

Reforma do Conselho de Segurança da ONU


Em um apelo por uma governança global mais inclusiva, Lula voltou a defender a reforma do Conselho de Segurança da ONU, pedindo a ampliação do número de membros permanentes e a inclusão de nações em desenvolvimento. Segundo ele, o atual formato da organização não reflete mais a realidade geopolítica do século XXI.

“O mundo de hoje é multipolar, e as instituições internacionais precisam refletir essa nova realidade. Não podemos ter um Conselho de Segurança que continue dominado pelas mesmas potências de 1945. A África, a América Latina e a Ásia devem ter uma representação à altura de sua importância”, afirmou o presidente brasileiro.

Mudanças Climáticas e Responsabilidade dos Países Ricos

Outro tema central do discurso foi o combate às mudanças climáticas. Lula destacou a situação crítica da Amazônia e voltou a criticar a postura de algumas das maiores economias do mundo, que, segundo ele, são responsáveis por uma parte significativa das emissões de gases de efeito estufa, mas não assumem a responsabilidade proporcional para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. “Os países ricos têm uma dívida histórica com o planeta. Eles precisam fazer mais, e precisam fazer agora. Os mais pobres são os primeiros a sofrer com os efeitos da crise climática, mas foram os que menos contribuíram para o problema”, disse Lula, defendendo a criação de um fundo global mais robusto para apoiar ações ambientais em países em desenvolvimento. 

Abertura ao Diálogo e Cooperação

Lula encerrou sua participação com um chamado ao diálogo e à cooperação internacional. Ele ressaltou que, em um mundo cada vez mais polarizado, o multilateralismo e a diplomacia são os melhores caminhos para resolver conflitos e enfrentar desafios como as mudanças climáticas e as desigualdades sociais.

“O Brasil está pronto para cooperar, mediar e construir pontes entre nações. Acreditamos na força do diálogo, e o futuro só poderá ser construído com mais inclusão, mais solidariedade e mais justiça”, concluiu o petista.